quinta-feira, 17 de abril de 2008

Filme "Rabia"


Constrangedor, angustiante, revoltante. Ao longo de seis capítulos, o realizador estreante Oscar Cárdenas leva-nos pelas atribulações de Camila (Carola Carrasco) na sua procura de emprego. Há mais de um ano que Camila se encontra desempregada e, à semelhança dela, muitas outras pessoas no Chile (curiosamente o filme foca o caso específico feminino).
Nos corredores à porta dos gabinetes onde aguardam para ser chamadas para as entrevistas, estas mulheres conversam e medem as suas qualificações e, de certa forma, também a necessidade que cada uma tem deste emprego, como se o troféu fosse para a vencedora desse combate. Aquilo que começa de uma forma agradável, duas pessoas que, para passar o tempo, trocam ideias sobre as suas experiências na aventura do desemprego, passa gradualmente a uma investida onde há lugar a invejas, mas também a atitudes generosas.
Filmada em dois dias, com uma equipa de sete pessoas, “Rabia” tem um visual documental essencial para fincá-la à realidade. Com direcções específicas acerca dos objectivos de cada um dos segmentos, coube aos actores o trabalho de improvisação, o que tornou as interpretações de uma naturalidade e contundência desarmantes.
Um ano é muito tempo e exige uma grande força psicológica manter um espírito positivo numa senda onde a auto-estima é constantemente posta em causa, onde a utilidade de uma pessoa para a sociedade é medida numa escala de valores distorcida. Em dias que se arrastam sem nada para fazer, ou então repletos de anúncios que não levam a lado nenhum, corre-se o risco de perder a noção central da identidade. E levados ao extremo, a raiva pode se parecer o único caminho disponível.

Filme a passar na Escola Secundária de Fafe - Dia 19 de Maio (Horário a definir)

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